Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los (2016)

Titulo Original: Fantastic Beasts and Where to Find Them

Realizador: David Yates

Escrito por: J.K. Rowling

Atores Principais: Eddie Redmayne, Katherine Waterston, Dan Fogler e Alison Sudol.

As aventuras do escritor Newt Scamander na sociedade secreta de bruxos e feiticeiros de Nova Iorque 70 anos antes de Harry Potter ler o seu livro em Hogwarts.

O ano é 1926 e Newt Scamander acabou de completar uma excursão global para encontrar e documentar criaturas mágicas. Ao chegar a Nova Iorque para uma breve estadia, que podia ter ocorrido sem grandes incidentes... se não fosse por causa de um No-Maj (termo Americano para Muggle, pessoa não mágica) chamado Jacob, de uma bagagem mal colocada e da fuga de alguns dos fantásticos monstros de Newt, que podiam conjurar problemas tanto para o mundo dos feiticeiros como para o dos No-Maj.

* O seguinte comentário contem spoilers *

Venho desta vez partilhar a minha opinião sobre um filme do universo que marcou a minha vida. Monstros Fantásticos passa-se no mesmo universo que Harry Potter mas as histórias são completamente independentes e, por este razão ponto leva-me a crer que, mesmo que eu não tivesse lido qualquer dos livros ou visto/gostado dos filmes, ia sempre gostar deste filme sem me sentir influenciada pelos anteriores.

No entanto, mesmo sendo fã da saga, este filme trás outra novidade, o facto de não haver história escrita sobre estas personagens. Foi a primeira vez que fui ao cinema ver um filme deste universo e não sabia quase nada do que acontece na história. Salvo meia dúzia de pormenores que estão nos primeiros capítulos do livro com o mesmo nome (sobre o autor, prefacio e introdução) e do que vi no trailer fui completamente em branco para a sala.

Os pormenores que sabia eram poucos e também não tinha a certeza de que Rowling os seguiria à risca, ou ainda que eram completamente reais, pois todos sabemos como as coisas podem ser distorcidas, no mundo da magia, para garantir leitores (Rita Skeeter).

Por exemplo, no livro só é mencionado que Newt se formou em Hogwarts, não fala dele ser expulso. Ficamos sem saber se ele foi expulso e depois readmitido ou se é uma parte mesmo diferente do livro.

Outro facto apresentado no livro é o nome da esposa de Newt, Porpentina, no filme a personagem que se pode adequar é Tina (pode ser abreviatura).

O livro explica ainda que o que lhe permitiu escrever o mesmo foram as viagens de trabalho para o Departamento de Regulação e Controlo de Criaturas Mágicas do Ministério da Magia mas no filme não referem que ele trabalha no Ministério, apesar de ele conhecer o Ministro.

A lista do conhecimento que tinha acaba com o facto de estarem presentes no filme, pelo menos, 9 criaturas referidas no livro e todas mais bonitas do que as imaginei.

Eddie Redmayne é mais que perfeito como Newt, ele mostra-nos um Newt tímido e introvertido, o típico geek incompreendido que me fez gostar muito da personagem. Ele dá-nos uma pessoa que apesar de ter um passado doloroso é exímio a esconder esse facto e a não deixar que o seu “agora” seja afectado por essa dor e nunca recorre a vitimização para construir carácter. Prova disso é que, mesmo depois de descobrir que os problemas vinham de um Obscurial, os monstros de Newt não foram automaticamente descartados. Ele e os restantes companheiros de missão procuram primeiro apanhar os monstros que ainda estão à solta mantendo-os sempre como primeira prioridade, o que faz todo o sentido tendo ele demonstrado fortes ideologias em relação à maneira como estas criaturas são tratadas. Para ele o mais importante é que fique explicito que não são as suas criaturas que estão a desequilibrar a estabilidade com os Muggles. Só depois vão atrás do Obscurial, o outro problema que têm em mãos naquele momento.

O No-Maj, Jacob Kowalski, é simplesmente hilariante e muito relacionável ao público (pelo menos da minha parte). Ele toma o nosso papel na história e é a ele que são dadas as explicações destinadas a nós sobre os assuntos dos feiticeiros. A cena em que ele entra na mala pela primeira vez mostra atitudes que eu teria se estivesse no lugar dele e o espanto e a admiração pela beleza de todas as criaturas é muito credível visto que foi o que senti mesmo sentada na minha cadeira.

A dinâmica entre as duas irmãs é perfeita. Tina é a mulher de carreira, responsável, séria e discreta. Sempre a pensar no trabalho e no que pode fazer para o realizar na perfeição. Nesta equipa é ela que representa a voz da razão e do senso comum. Já Queenie é a irmã carismática, positiva e alegre, características que não esperava de uma pessoa que é bombardeada com os pensamentos desgarrados dos outros. Conseguimos perceber em algumas ocasiões que as pessoas não são tão simpáticas na privacidade da sua cabeça mas mesmo assim ela mantem sempre um caloroso sorriso. Também é de admirar a naturalidade que ela encara uma possível relação com um No-Maj visto ser proibido por lei, nos EUA, os feiticeiros relacionarem-se com Muggles.

Credence é um personagem que gostava de poder dizer mais. É um cepa torta que por alguma razão foi afastado dos pais e acabou por ser adoptado por Mary Lou que o maltrata constantemente o que o leva a desenvolver o Obscurial. No entanto, isto é tudo o que sei sobre ele, a sua história nunca é desenvolvida e quase tudo o que podermos afirmar sobre ele é pura dedução (introvertido, tímido, prestável, respeitador e traumatizado) que tiramos das suas acções. Até o facto da sua morte no final é incerto com o vislumbre daquele minúsculo expetro preto que ascende da plataforma de metro. Existe o rumor que haveria uma cena, que foi excluida do filme em Pós-Produção, em que veríamos Credence a subir clandestinamente para o barco em que Newt volta à europa mas não foi confirmado.

Não esperava que o Graves fosse o Grindelwald. Pensei sempre que ele fosse um apoiante da causa mas não o próprio Gellert Grindelwald. Até ele se revelar eu não conseguia compreender a diferença de poder abismal entre ele e Newt e Tina juntos mas isso explicou.

Johnny Depp ser o Grindelwald foi a melhor surpresa que este filme me podia dar. Apesar de toda a polémica à volta da vida privada do actor, não esqueço que ele é muito bom no que faz e as suas personagens são sempre maravilhosas. Espero que ele faça o mesmo com Grindelwald.

As roupas, os cenários e a música são fantásticos, um padrão de excelência que já vinha dos filmes de Harry Potter. Apesar de não se afastar completamente do registo de qualidade de Harry Potter tudo é muito mais anos 20, mais Jazz, fazendo a ligação entre o mundo de Harry e o mundo onde se passa esta narrativa. É o que podemos chamar o melhor de dois mundos.

Confesso que outro factor que me levou a antecipar este filme como uma criança foi o facto de esta vez ser J. K. Rowling a escrever o guião e não só a aconselhar como aconteceu em Harry Potter. A escrita da autora é o que de melhor os livros têm, através das suas descrições conseguimos ver um mundo completo e sabemos que mesmo os factos que não estão escritos existem para ela. Um exemplo real disso mesmo é a questão que encontrei inúmeras vezes, ao passear-me pela internet, sobre o feitiço de Apparate. Muitos fans perguntaram, ao ver o filme, porque é que o Newt viaja de barco e não usa este feitiço que seria mais conveniente. J. K. Rowling respondeu a esta pergunta, através do seu twitter pessoal, no dia 18 de Novembro com o seguinte “Há um limite para a distância do Apparate. Apparition intercontinental é muito perigosa!”. No seguimento desta resposta, os fans insistiram que Newt podia sempre usar um Botão de Transporte mas Rowling explica que o conteúdo da mala de Newt seria prejudicado com esse modo de transporte.

Concluindo as minhas opiniões posso dizer que o filme é muito bom e aconselho mesmo aos que não gostaram de Harry Potter.

Será uma nova espécie de tortura ter de esperar até 2018 pelo próximo filme e só de pensar que são 5 filmes no total até me chegam suores frios.

Um filme para rever que merece 8 pontos.