top of page

The Armed Man: Uma Missa pela Paz

  • AA
  • 2 de dez. de 2016
  • 3 min de leitura

No dia 1 de Dezembro à tarde, assisti à apresentação do projecto “The Armed Man – Uma Missa pela Paz de Karl Jenkins” interpretado por cerca de quarenta coralistas, dois solistas e um ensemble orquestral composto por Piano, Orgão, Violoncelo, Flauta, Flautim, dois Trompetes e Percussão, sob a direcção de Miguel Galhofo.

Confesso que pouco sabia sobre o contexto do projecto e a ideia que levava (equivocadamente retirada das palavras “missa pela paz” no titulo) era de um espectáculo, típico da época natalícia: calmo, amigável e que provavelmente iria até ser aborrecido. Estava enganada, muito enganada.

"The Armed Man: A Mass for Peace", estreada em 2000 na Royal Albert Hall, foi dedicada às vítimas do Kosovo, reflectindo um século marcado pela guerra e destruição mas anunciando a esperança por um futuro mais pacífico. Continua a fazer sentido até aos dias de hoje por alertar para uma realidade cada vez mais presente: a ameaça da guerra.

O título principal vem da tradução para inglês da canção francesa L’Homme Armé (“O homem armado”) e subtítulo “A Mass for Peace” justifica-se pelo uso de parte do ordinário da missa católica.


Podemos dizer que o projecto se pode apreciar em três partes: a primeira leva a uma introspeção sobre a guerra, a segunda (durante o sétimo andamento) é o tornar real dos horrores da batalha e a terceira onde aceitamos que no fim existem sempre perdas e que os sobreviventes terão de achar forças para continuar sem os seus entes queridos.

Há ainda a possibilidade de considerar uma quarta e ultima parte no projecto, onde é finalmente alcançada a paz mas, visto essa paz ainda não ter sido atingida, a existência desta parte é discutível.


O momento mais marcante no espectáculo é precisamente no sétimo andamento (o andamento central) em que a letra começa por ser uma exaltação seguida de gritos agonizantes que simbolizam o horror da destruição e finalmente este andamento culmina com um profundo silêncio em que vemos uma explosão nuclear. Este silêncio, propositadamente, longo é seguido do lúgubre Last Post (melodia usada nos funerais militares na Commonwealth). Todo este segmento provoca um desconforto e tristeza enormes, que incitam à acção, à necessidade de prevenir outra guerra.



Este não é, na minha opinião, um programa para fazer em família (principalmente se houver crianças na família) pois, ao longo dos 13 andamentos é projectado um filme com várias (e chocantes) imagens de guerra. O filme traça a história contada pela obra: a construção de conflito, o conflito em si e as consequências, acabando com um olhar para a frente, para um futuro melhor.

O objectivo do projecto é fazer-nos pensar de maneira muito séria nas consequências reais de qualquer guerra e acreditem que o consegue. No caminho de casa ainda reflecti bastante no que leva o ser humano a cometer tamanhas atrocidades.


Na sua totalidade o projecto foi muito bem desenvolvido pelo grupo Cantar Nosso mas se tivesse de apontar algo negativo seria o facto de os sons graves se perderem no meio dos agudos o que retirou algum impacto em certos temas. Mas esta circunstância pode dever-se às condições acústicas da igreja (e talvez porque eu estava mesmo ao fundo da sala).


A apresentação desta obra vai repetir-se no dia 10 de Dezembro, desta vez na Chamusca e aconselho a todos os que sentirem coragem de presenciar os maiores erros da humanidade a vê-lo.


No geral é um excelente espectáculo, por isso merece 7 pontos.

Como preview do espetáculo de dia 10 deixo-vos a primeira e a nona música do espetáculo.

Já conheciam este projecto? Se não, ficaram com vontade de o ver?

[AA]

Comments


RECENT POSTS
ARQUIVO
  • Facebook Social Icon
  • Google+ Social Icon
  • Instagram Social Icon
  • Pinterest Social Icon
  • Twitter Social Icon
  • Tumblr Social Icon
  • YouTube Social  Icon
bottom of page